Asma não tem cura, mas o tratamento pode controlar os sintomas e evitar crises. A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns no Brasil, com estimativa de que cerca de 23 milhões de crianças e adultos convivem com ela. O cuidado integral à pessoa com asma é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) disponibiliza esse tipo de atendimento nos hospitais universitários federais.

O Dia Mundial da Asma (6 de maio) compartilha informações que orientem a população sobre a relevância do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento. Muitos fatores podem desencadear uma crise com consequências graves quando não tratada adequadamente. Entre os gatilhos mais frequentes estão: poeira/ácaro, fumaça, poluição, mofo, pelos de animais (gato/cachorro), cheiros fortes, mudanças climáticas, infecções virais e bacterianas das vias aéreas.

Períodos de maior circulação de vírus respiratórios favorecem crises

Segundo a pneumologista Kamila Dias, do Ambulatório de Asma do Hospital das Clínicas de Pernambuco (HC-UFPE), a asma é uma doença crônica caracterizada por inflamação das vias aéreas (brônquios), com produção de muco (secreção) e broncoconstrição (estreitamento dos brônquios). “Os sintomas mais frequentes são tosse, falta de ar, chiado e sensação de dor ou opressão (peso) no tórax. Eles ocorrem em diferentes combinações e, na maioria das vezes, estão associados à exposição a estímulos”, explica.

Além disso, Kamila destaca que algumas condições de saúde, como rinite, rinossinusite com polipose nasal, refluxo gastroesofágico, obesidade, ansiedade e depressão, podem dificultar o controle da doença. Vírus respiratórios como rinovírus, vírus sincicial respiratório, Covid-19 e influenza, também aumentam o risco de crises.

“É importante manter as vacinas atualizadas. Temos campanhas de vacinação para influenza e Covid. Em épocas de maior circulação viral, há um aumento dos casos de descompensação dos quadros respiratórios”, explica Kamila. Além disso, a especialista lembra que a asma alérgica tem componente genético, sendo o histórico familiar um fator de risco importante.

Terceira causa de hospitalização no SUS

De acordo com a pneumologista Karime Nadaf, chefe da Unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM-UFMT), a asma é a terceira principal causa de hospitalizações no SUS. “Manter o controle adequado da doença, por meio do tratamento contínuo e vacinação, é essencial. A vacina contra influenza é recomendada e oferecida gratuitamente aos asmáticos na rede pública”, destaca.

Ela informa ainda que o hospital realiza três ambulatórios semanais de Pneumologia, dos quais cerca da metade dos atendimentos são voltados a pacientes asmáticos — média de 21 atendimentos por semana.

Cerca de 98% dos casos são controláveis

O pneumologista João Batista de Sá, do HU-UFMA, explica que o diagnóstico da asma é clínico, feito por meio

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O cuidado integral à pessoa com asma é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
de entrevista, exame físico e confirmada por meio de exames complementares, como a espirometria. “Embora tenha base genética, fatores como evitar o tabagismo durante a gestação e na infância, bem como o fumo passivo, ajudam a reduzir a incidência e a gravidade dos sintomas”, afirma.

Para os já diagnosticados, medidas como controle ambiental, controle de peso e de doenças associadas são fundamentais para evitar crises. “Menos de 2% dos casos são classificados como asma grave e de difícil controle. O SUS dispõe de tratamento para asma independente da gravidade”, afirma João. O HU-UFMA possui três ambulatórios exclusivos para pacientes asmáticos, inclusive os de difícil controle.

Mitos dificultam a adesão ao tratamento

Segundo João, há muitos mitos que dificultam o tratamento:

  • “Asma é doença de criança” – Mito! Pode começar na infância, melhorar na adolescência e voltar na vida adulta. Também pode surgir diretamente na fase adulta.
  • “Asmáticos não podem praticar atividades físicas” – Mito! O asmático pode inclusive, chegar a ser um atleta de alta performance. Com a doença bem tratada e controlada, a pessoa pode executar qualquer tipo de atividade.
  • “Bombinhas causam dependência ou fazem mal ao coração” – Mito! São seguras e fundamentais no tratamento.

“Um dos mitos mais graves é o paciente achar que só tem asma quando está em crise. Isso faz com que suspenda o tratamento quando está sem sintomas, o que é um erro”, ressalta.

Tratamento deve ser individualizado


O pneumologista Daniel Felipe Bonfim, do Ambulatório de Asma Grave do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), destaca que a asma é uma doença heterogênea e multifatorial, o que exige tratamento individualizado.

“O tratamento pode incluir corticoides inalatórios, isoladamente ou combinados a broncodilatadores de longa duração, além de medicamentos como os imunobiológicos”, explica. Segundo ele, entre as complicações da asma não tratada estão: tosse persistente, falta de ar intensa, remodelamento das vias aéreas, insuficiência respiratória e até morte.

Serviços nos Hus fazem a diferença para os cuidados com os pacientes

O HUB atende pacientes nos ambulatórios de Pneumologia Geral e Asma Grave, com cerca de 15 atendimentos semanais no último. Além disso, oferece: exames de função pulmonar, imagem e laboratoriais; serviço de fisioterapia; reabilitação pulmonar; internação; e administração de imunobiológicos em parceria com a Secretaria de Saúde do DF. “O HUB é centro de referência em asma no Distrito Federal e um dos polos habilitados para a administração de imunobiológicos pelo SUS”, completa Daniel.

Kamila, do HC-UFPE, acrescenta que “Atualmente é possível tratar a asma nos diversos níveis recomendados pelas diretrizes nacionais e internacionais. A Farmácia Popular disponibiliza gratuitamente corticoide inalatório e broncodilatadores como o salbutamol, mediante prescrição médica.” No HC-UFPE, a média de atendimentos no Ambulatório de Asma é de 50 pacientes por semana, sendo referência em asma grave em Pernambuco.

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