A fibromialgia é uma enfermidade com caráter crônico que ainda não tem sua causa totalmente esclarecida pela Medicina, e acomete 2,5% da população mundial, sendo as mulheres com idades entre 30 e 50 anos as mais afetadas. Hospitais Universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) têm protagonizado ações importantes para o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) e para o incentivo de estudos da doença buscando garantir qualidade de vida às pessoas acometidas por ela.
Buscando ampliar o debate sobre a fibromialgia e os seus impactos na saúde humana, o 12 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia, através da Lei 14.233/21. A doença é uma condição reumatológica que apresenta dor muscular generalizada. De caráter crônico, as dores geralmente duram mais de três meses, mas não apresentam inflamações nas articulações ou nos músculos.
“Ela pode estar associada também a outros sintomas bem típicos, que é a questão do sono não restaurador, a pessoa acorda cansada, tem uma fadiga no dia a dia, e ela pode ou não estar associada a distúrbios do humor, como a ansiedade, a depressão e alguns distúrbios também de esquecimento, alterações de memória”, explica Regina Adalva, reumatologista da Unidade do Sistema Musculoesquelético do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS/Ebserh).
Apesar de a doença não ter uma causa definida, Regina aponta que entre os pacientes existe uma alteração na percepção da dor, contribuindo com a exacerbação desse processo. “O gatilho para o aparecimento dessa doença normalmente pode ser algum trauma físico, um acidente ou um trauma emocional”, destaca.
Promovendo qualidade de vida
A fibromialgia causa diversos efeitos negativos como muitas dores, fadiga e dificuldades locomotoras. “É uma doença crônica que não tem cura, mas que tem tratamento altamente eficaz para controlar os sintomas, aliviar a dor e proporcionar ao paciente uma excelente qualidade de vida”, comenta Vitor Alves Cruz, professor adjunto de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), que menciona o Hospital das Clínicas (HC-UFG/Ebserh), como uma ponte importante na busca pelo tratamento desses pacientes.
“O Hospital das Clínicas tem a triagem, a Universidade Federal de Goiás que recebe esses pacientes, faz diagnóstico, medica, investiga e depois referencia para um reumatologista da atenção secundária”, detalha. O HU-UFS também tem atuação importante nesse sentido, atuando através de ambulatórios diversos, como os de Reumatologia e Ortopedia.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, os sintomas da fibromialgia não ocasionam “deformidades ou sequelas nas articulações e músculos” e que o principal tratamento é não-medicamentoso, tendo o paciente um papel ativo nessa busca. “A medicação sem o exercício é uma andorinha que não faz verão, a gente precisa ter medicamento, exercício e a psicoterapia, a terapia cognitiva ou comportamental. O trabalho com psicólogo tem eficácia comprovada na literatura médica, ele é tão bom quanto o exercício e a medicação, então o ideal é um tripé”, menciona o especialista do HC-UFG.
A pesquisa a favor da saúde
Reforçando o compromisso com técnicas que extrapolam a utilização de medicamentos, Edson Missáu, professor e chefe do departamento de Fisioterapia e Reabilitação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está encabeçando uma pesquisa que averigua o papel da eletroacupuntura no tratamento da fibromialgia.
Intitulado “Alterações do sono, da voz e da função cardiorrespiratória em indivíduos com fibromialgia e os efeitos da eletroacupuntura”, o estudo tem sido conduzido no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM-UFSM/Ebserh).
“A intenção é compreender de que forma essas alterações se conectam entre si e verificar se a aplicação da eletroacupuntura pode gerar melhorias clínicas relevantes, impactando positivamente a saúde e o bem-estar dos participantes”, explica. Edson também diz que o projeto começou a ser esboçado em 2024 e que as coletas serão iniciadas a partir de maio deste ano.
De acordo com o professor, que tem especialização em Acupuntura, a eletroacupuntura consiste na aplicação de estímulos elétricos em pontos de acupuntura, com o intuito de potencializar os efeitos terapêuticos tradicionais dessa técnica.
“No contexto da fibromialgia, utilizamos a eletroacupuntura como estratégia de intervenção para aliviar a dor crônica, favorecer a melhora do sono, da voz e da função cardiorrespiratória (...) Consideramos que seu efeito regulador sobre o sistema nervoso pode contribuir significativamente para a reabilitação dessas funções comprometidas”, finaliza.
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