Coceira, espirro, inchaço, dificuldade para respirar, tosse, náusea, vômito, dor abdominal, diarreia e mal-estar geral são alguns dos muitos sintomas que marcam os diversos tipos de alergias existentes. A condição é caracterizada pela resposta exagerada do sistema imunológico da pessoa alérgica a um estímulo externo que normalmente é tolerado pela população geral. Neste 7 de maio, o Dia Nacional de Prevenção da Alergia, especialistas da Rede Ebserh indicam cuidados para evitar e controlar essas reações, que, quando agravadas, podem levar à morte por choque anafilático.   

Incidência no Brasil

As alergias mais comuns no país incluem as respiratórias (rinite e asma); as alimentares (leite de vaca, ovo, crustáceos, castanhas, amendoim, peixes e soja, entre outros); as de pele (dermatite atópica e dermatite de contato); a picadas de insetos; e a medicamentos.

Alergologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Dayanne Bruscky destaque que a conscientização sobre alergias é fundamental para que as pessoas busquem o diagnóstico e tratamento adequados e possam controlar seus sintomas, com impactos positivos na qualidade de vida. “A rinite alérgica é a mais prevalente, com cerca de 25% da população, seguida da asma alérgica, que afeta aproximadamente 20% da população pediátrica, e da dermatite atópica, que acomete 10% a 20% das crianças e adolescentes”, aponta.

Certas condições climáticas e variações sazonais influenciam as alergias, principalmente as respiratórias e a dermatite atópica. Segundo Brusky, em época chuvosa, a elevada umidade relativa do ar favorece a proliferação de alérgenos como fungos e ácaros, que também podem causar exacerbações das alergias respiratórias. “Além disso, regiões que apresentam primavera bem definida, como Sul e Sudeste, têm períodos de alta floração, com aumento de pólen no ar e piora das alergias respiratórias. Já a época das Festas Juninas, especialmente no Norte e Nordeste, com aumento da poluição por fogueiras também é fator de piora das alergias respiratórias”, ressalta Bruscky.

Prevenção

A prevenção da alergia pode ser dividida em dois tipos: a primária, que seria evitar o início das reações; e a secundária, aquelas medidas que visam evitar o descontrole ou exacerbações da doença já estabelecida.

“Para pessoas que apresentam uma predisposição genética a doenças alérgicas, buscar um estilo de vida saudável - como alimentação adequada (incluindo aleitamento materno para os bebês e baixo consumo de ultraprocessados em todas as idades), exercício físico e brincadeiras ao ar livre e sono reparador - ajuda a prevenir o surgimento de alergias. Já as exacerbações da doença podem ser prevenidas com o tratamento e a identificação dos fatores irritantes e daqueles que pioram o controle da doença”, pontua a médica. 

Hipersensibilidade

O chefe do Serviço de Imunologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), Jorge Pinto, explica que as doenças alérgicas são consideradas reações de hipersensibilidade. “A anafilaxia é a forma mais grave, sendo potencialmente fatal e constituindo emergência médica que requer atendimento hospitalar imediato. Cerca de 5% a 7% da população sofre de alergia a medicamento, sendo os anti-inflamatórios não-esteroides e antibióticos as classes mais comuns”, completa. 

Jorge Pinto comenta algumas medidas importantes para minimizar o impacto das doenças alérgicas como “a educação sobre o diagnóstico precoce e correto, a adoção de medidas preventivas e o acesso ao tratamento adequado.”

Nas últimas cinco décadas tem havido aumento na prevalência de doenças alérgicas, de acordo com o especialista.  “Isso acontece provavelmente como consequência de fatores ambientais agravando o risco de doenças em indivíduos geneticamente suscetíveis, por meio da interação gene-ambiente. Mudanças climáticas, poluição urbana, dieta e microbiota humana são fatores associados ao aumento da prevalência das doenças alérgicas”, relata Pinto.

Alergia x intolerância

Essa distinção entre alergia e intolerância se aplica a sintomas associados a alimentos. “A alergia refere-se a mecanismo imunológico contra determinados alérgenos alimentares, enquanto a intolerância alimentar ocorre quando há deficiência enzimática para a digestão de determinado alimento, como a intolerância à lactose, por exemplo”, explica Jorge. Pode também ocorrer quando há dificuldade na absorção de determinados nutrientes, como a má-absorção intestinal de frutose. “Não há um mecanismo imunológico envolvido na intolerância alimentar”, esclarece.

Tratamento

O tratamento de alergias no Sistema Único de Saúde (SUS) segue abordagem semelhante à encontrada na medicina privada, com a diferença de que os serviços são gratuitos e acessíveis a todos os cidadãos, a partir do atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). 

Hospitais da Rede Ebserh oferecem consultas com alergistas em ambulatórios especializados, onde são realizados os exames necessários para confirmar o diagnóstico, que pode incluir testes para alergias respiratórias, alimentares e a medicamentos; teste de contato para alergias de pele; e exames de sangue para detectar sensibilização a diferentes alérgenos. Após o diagnóstico, o tratamento é instituído, incluindo medicações gratuitas do Programa Farmácia Popular do Brasil, como as que tratam rinite e asma, por exemplo. 

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