No dia 19 de maio, é celebrado o Dia Mundial de Doação de Leite Humano. A data chama atenção para um gesto de solidariedade que salva vidas. Nos hospitais universitários federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o dia vai ser celebrado destacando o papel das mulheres e o valor fundamental do leite humano para nutrição, proteção e recuperação dos pequenos.

Dos 45 hospitais administrados pela Ebserh, 16 possuem Banco de Leite Humano (BLH). Por todo Brasil, ocorrerão atividades sobre o tema, a exemplo do Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR); da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, da Universidade Federal do Ceará (Meac-UFC); da Maternidade Escola, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ME-UFRJ); e da Maternidade Climério de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia (MCO-UFBA).

Histórias que inspiram

As doadoras possibilitam que o leite materno chegue aos bebês que mais precisam. Isadora Ribeiro dos Santos, doadora do CHC-UFPR, começou a doar leite quando sua filha fez 12 dias. “Já faz quatro meses que estou doando. Produzo muito leite, me doía ver sendo desperdiçado”, conta. Isadora descobriu o Banco de Leite pesquisando na internet. “A equipe me orientou como fazer para retirar o leite, instruiu sobre higiene e como congelar. Consigo doar de 6 a 8 frascos por semana”. Toda quarta-feira, a equipe do Hospital passa para buscar. “Sinto-me feliz em saber que meu leite pode ser esperança para outra mãe que não consegue amamentar”.

Anna Vitória, também doadora do Banco de Leite do CHC-UFPR, conheceu a importância da doação ao acompanhar a internação da sua primeira filha na UTI Neonatal. “Tinha muito leite e, como minha filha não mamava tudo, as enfermeiras me incentivaram a doar. Consegui doar por mais de um ano. Depois, quando meu segundo filho nasceu, voltei a doar logo na primeira noite em casa”, relembra. Ela relata o apoio da família na rotina de doação: “Até meu marido já sabe preencher as etiquetas! Entrego o coletor cheio e ele guarda no freezer. Tem sido uma delícia poder doar leite. Vou continuar enquanto tiver leite”, vibra.

O poder de cada gota

O Banco de Leite da Maternidade Escola da UFRJ está em processo de estruturação. Atualmente, a Maternidade possui um lactário, onde é possível fazer a coleta do leite da mãe para o seu próprio filho. “O bebê internado, grave, prematuro, também tem direito ao leite humano. Às vezes, a mãe tem receio de tocar no bebê, acha que o leite dela não é suficiente, mas ela é a única que pode oferecer esse alimento poderoso”, explica a coordenadora da UTI Neonatal e do alojamento conjunto da Maternidade Escola da UFRJ, Maura Rodrigues de Castilho.

Segundo a médica, o leite da própria mãe pode ser administrado desde os primeiros momentos, por meio da colostroterapia, que é a aplicação de pequenas gotas de colostro na cavidade oral do recém-nascido. “É uma estratégia imunológica, quase uma vacina natural. Cada gota faz diferença. E só a mãe pode fornecer.” Ela também aponta a importância da equipe de saúde no estímulo à doação: “A mãe precisa ser retirada da posição de espectadora. A equipe tem que incentivá-la, mostrar que ela é a protagonista”.

Estoques e cuidados com a qualidade

O Banco de Leite enfrenta sazonalidades. “Os períodos mais críticos são férias, feriados e o inverno”, alerta Janaína de Almeida, responsável técnica do BLH do CHC-UFPR. As doações são mantidas por meio de ações, com destaque para a divulgação em maternidades, unidades básicas de saúde, redes sociais e visitas técnicas. Sobre o controle de qualidade, Janaína destaca o cumprimento rigoroso da Norma Técnica rBLH/NT 23.21, que orienta a seleção e classificação do leite humano ordenhado. “Isso evita a presença de sujidades, como pelos, cabelos ou fragmentos, garantindo a segurança dos recém-nascidos”.

Janaína Landim, responsável pelo Banco de Leite da Meac, em Fortaleza, complementa que o leite humano destinado ao consumo de recém-nascidos precisa passar por uma análise das condições da embalagem, cor, odor, sabor e acidez, entre outros fatores.  “É necessário um rigoroso controle de qualidade sanitária do leite, desde o transporte do domicílio da doadora até a distribuição nas Unidades Neonatais”, salienta.

Quem pode doar

Conforme o Ministério da Saúde, toda mulher que amamenta é uma possível doadora. Basta ser saudável e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação. Qualquer quantidade de leite humano pode ajudar bebês internados em unidades neonatais a terem melhor recuperação e uma vida mais saudável. Dependendo do peso do recém-nascido, apenas 1 ml já é suficiente para nutri-lo a cada refeição. O leite doado é destinado aos recém-nascidos prematuros ou de baixo peso que estão internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais brasileiras e não podem ser amamentados pela própria mãe.

Para ser doadora, basta entrar em contato com o Banco de Leite Humano (BLH) ou Posto de Coleta de Leite Humano (PCLH) mais próximo ou ligar para o Disque Saúde 136. As equipes de saúde explicam como retirar o leite corretamente, de forma que não haja contaminação, como também informam o dia da semana que fazem a coleta do frasco. A cada visita, o profissional do BLH pega os frascos de leite humano congelado e deixa novos frascos esterilizados para que a mulher possa seguir fazendo a doação.

Lista de unidades (maternidades ou hospitais) da Ebserh com BLH, de acordo com a Rede Global da Fiocruz:

CENTRO-OESTE

  • Hospital Universitário de Brasília da Universidade de Brasília (HUB-UNB)
  • Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG)
  • Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS)
  • Hospital Universitário Júlio Muller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT)

NORDESTE

  • Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas (HUPAA-Ufal)
  • Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia (MCO-UFBA)
  • Maternidade-Escola Assis Chateaubriand do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (MEAC-UFC)
  • Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA)
  • Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB)
  • Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE)

SUDESTE

  • Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes)
  • Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG)
  • Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU)
  • Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF)

SUL

  • Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR)
  • Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg)
  • Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel)

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