No Dia Mundial sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) une-se a órgãos de saúde de todo o mundo para lutar contra o tabagismo, prática responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).  O uso do tabaco é uma das principais causas de morte evitável e um fator de risco importante para doenças crônicas, incluindo câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e diabetes.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima para 2025 que o Brasil terá aproximadamente 600.000 novos casos de câncer, no qual o de pulmão é um dos mais frequentes, com uma estimativa de 32.000 novos casos.

Efeitos nocivos do tabaco

“O tabaco possui nicotina, a substância responsável pela dependência ao fumo. Mas ela e todas as outras inúmeras substâncias presentes no cigarro convencional ou no vape (cigarro eletrônico) fazem mal ao sistema respiratório porque geram inflamação crônica nas vias aéreas. E isso pode causar ou agravar doenças respiratórias”, esclarece a médica pneumologista do Hospital Universitário da Universidade Federal do Amapá (HU-Unifap), Pamela Santos.

A longo prazo, o fumo gera redução da capacidade respiratória, aumenta o risco de desenvolver câncer de pulmão e doenças cardíacas e pode estar relacionada ao aparecimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), conhecida popularmente como enfisema pulmonar.

Sintomas

Para a especialista, os sintomas mais comuns de problemas em fumantes são: tosse, pigarro e fôlego curto para fazer exercícios físicos. “O cigarro pode desencadear crises de asma em quem é suscetível. Ou o fumante pode ser totalmente assintomático, o que pode mascarar a presença de alguma doença pulmonar existente”, frisou.

Riscos dos cigarros eletrônicos para a Saúde

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), reconhece os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) sob várias denominações, incluindo cigarros eletrônicos, vaper, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar, heat not burn (tabaco aquecido), entre outros.  Existem alguns mitos sobre esses dispositivos. O principal, segundo os especialistas consultados, é que eles servem para parar de fumar, o que já foi comprovado que não funciona e não são recomendados.

Sobre os vapes, a pneumologista Pamela Santos, ressalta que são dispositivos que aquecem uma substância gerando vapor, onde a quantidade de nicotina presente neles é muito maior do que em um cigarro convencional. “Eles têm potencial de causar inflamação pulmonar de forma muito mais intensa e causar doenças agudas em alguns casos”.

            Estes cigarros têm formatos, cores e aromas que chamam a atenção dos jovens, o que aumenta o risco de dependência química e comportamental logo cedo. Além das substâncias químicas presentes no vape (mais de 2 mil), existem os vapores do próprio metal que são liberados durante o aquecimento. Apesar da aparência "inofensiva", o potencial de malefício e dependência é grande.

 Atendimento especializado

Os hospitais Universitários da Rede Ebserh fornecem tratamento especializados e gratuitos para a dependência química através do Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento do tabagismo requer avaliação pulmonar para identificar se há alguma doença pulmonar subjacente que o paciente desconheça, seguida de orientação, criação de estratégias comportamentais para cessação do tabagismo e indicação de medicamentos que podem ajudar nesse processo, de acordo com as particularidades do paciente.

No HU-Unifap, vinculado à Rede Ebserh, o atendimento especializado em pneumologia é ofertado no ambulatório. O pneumologista atua juntamente com o psicólogo e cardiologista para a abordagem do tabagismo.

O Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) realiza, há anos, campanhas educativas em parceria com outras instituições sobre o malefício do fumo e as dificuldades existentes na tentativa de parar de fumar, fornece informações sobre síndrome de abstinência à nicotina, de como lidar com os gatilhos relacionados ao hábito do tabaco e de como procurar ajuda no sentido de aliviar os sintomas da síndrome de abstinência.

             Professora de Pneumologia da Faculdade de Medicina da UFPel, Silvia Macedo destaca a importância das campanhas: “São relevantes para que a pessoa comece a pensar no assunto e vir a parar de fumar. Já tivemos relatos de pessoas que pararam a partir daquelas informações que a gente passa nessas atividades educativas”.

Parar de fumar requer uma avaliação global da dependência química e comportamental. “Então, o tratamento não é simplesmente tomar um remédio. O primeiro passo para conseguir parar de fumar é a motivação interna, entendimento de que o cigarro é um problema a ser combatido, seguido da procura por atendimento especializado no assunto”, concluiu a pneumologista Pamela Santos.

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